INGLÊS GLOBAL OU INGLÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: IMPLICAÇÕES PARA A APRENDIZAGEM
Resumo
A língua inglesa tem figurado no ambiente de ensino/aprendizagem como língua global, em oposição à LE/L2. O termo “inglês global” remete à ideia de comunicação entre povos, independentemente de serem ou não falantes nativos. As implicações positivas disso são, principalmente, o reconhecimento das variedades linguísticas e dos sotaques “estrangeiros” como algo legítimo e não inferior. Mesmo assim, não é possível fugir do fato de que o Brasil figura no mapa como um dos países em que inglês é LE, o que faz aprendizes se sentirem outsiders que precisam da aprovação da do falante nativo. Nesse cenário, o presente estudo procura “escutar” alguns aprendizes de inglês, a fim de entender suas percepções acerca de suas próprias dificuldades. Para tal, foi conduzida uma entrevista individual semiestruturada com nove aprendizes de inglês. Os resultados sugerem que as condições de produção (contexto sócio-histórico) dos discursos dos respondentes envolvem a noção supracitada de LE, tendo o falante nativo como modelo, autoridade e dono da língua. Especulamos que discursos já ditos acerca do ensino-aprendizagem de inglês no Brasil interpelam os participantes dessa pesquisa, refletindo em suas respostas, muitas vezes estereotipadas. Discutimos também o conflito entre o eu da L1 e o eu da LE e sua aproximação com o outro da LE como fator facilitador do processo de aprendizado. Sugerimos um deslocamento na cadeia discursiva que traga o “inglês global” para fora dos muros acadêmicos, deixando o modelo LE para trás.